Arrendatário de fazenda ocupada por índios em MS quer recuperar insumos
Agricultor negocia entrada na propriedade e diz que situação está tensa. Grupo divulgou carta afirmando que resistirá à desocupação:
O agricultor Roberto Ramos, arrendatário da fazenda ocupada por comunidade guarany-kaiwá que promete resistir à liminar de reintegração de posse determinada pela Justiça, tenta negociar junto com a Fundação Nacional do Índio (Funai) a entrada na área para retirar materiais que estavam armazenados no local.
“Eles [indígenas] não aceitam ninguém entrar lá. Se entrarmos, estamos arriscando a vida”, afirma Ramos. “Estou tentando tirar as coisas, pelo menos os insumos”.
O produtor rural entrou com ação e a Justiça deu 20 dias para que os índios deixem o local por conta. Caso contrário, poderá haver intervenção policial acompanhada pela Funai e Ministério Público Federal.
Diante da decisão, a comunidade, por meio do grupo Aty Guasu, divulgou em uma rede social uma carta afirmando que resistirá a qualquer tentativa de expulsão. “A nossa decisão é não sair com as vidas de nossa terra antiga”. O comunicado diz que o processo demarcatório que envolve a fazenda já se desenrola há dez anos. Sem solução, as famílias têm morado em barracos de lona, sob condições insalubres.
Ramos afirma que não está sabendo sobre a carta e só quer a solução para o problema na fazenda, que se chama Barra Bonita. “Eu estava morando lá. Eu sai antes que eles me machucassem”. Ele, a mulher e o filho estão vivendo em uma outra propriedade a qual o agricultor é dono, em Amambai. Ele afirma que planta 250 hectares de milho e soja em cada um dos imóveis.
Ação
De acordo com informações do processo, os índios estavam acampados em uma área externa à sede, sendo que a Funai deveria manter a ocupação neste estado, assegurando o livre acesso dos proprietários. No entanto, a medida teria sido desrespeitada quando a comunidade tomou a sede e os locais em que eram guardados maquinários agrícolas e insumos que estavam sendo utilizados no plantio.
À Justiça, um representante dos guarany-kaiwá relatou que a invasão deu-se porque a comunidade sente-se relegada e sem esperanças, tendo em vista o tempo que se desenrola o processo demarcatório.
Conforme a decisão, os índios deverão sair da sede e do galpão do imóvel e mantendo-se na área que estavam antes. Se no prazo estipulado não houver a retirada voluntária, será expedido mandado que deverá ser cumprido por força policial com acompanhamento da Funai e do Ministério Público Federal (MPF).
Ao G1, nesta quarta-feira, a Funai informou que não foi intimada a respeito da decisão liminar e que vai se manifestar assim que tomar conhecimento. Sobre a carta dos índios, o órgão esclarece que buscará uma solução negociada e não violenta para resolver o problema.
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